É possível que o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental caminhem juntos?

É possível que o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental caminhem juntos?

Com modelos de produção como o Sistema Agroflorestal, implementado na recuperação de áreas degradadas pelo Projeto Plantar Rondônia, é possível conciliar a produção agrícola à conservação ambiental

Difundir e implementar técnicas e tecnologias de produção sustentáveis, que gerem lucros aos produtores e alimentos de qualidade para os consumidores, garantindo a continuidade da produção sem degradação ambiental, tem sido um grande desafio para o Brasil e para o mundo.

Isso porque, na conta das atividades humanas responsáveis pelas maiores emissões de gases de efeito estufa, a agropecuária e outros modelos de uso da terra representam cerca de 23% das emissões globais. E no Brasil, que ocupa o 14º lugar na lista de países responsáveis pelas maiores emissões segundo o ranking do Global Carbon Atlas de 2019, o desmatamento de áreas de floresta para dar lugar à produção agropecuária e para a retirada de madeira, principalmente na região amazônica, representa a principal fonte das emissões.

Consequências de um modelo de uso do solo ainda muito praticado, em que é comum o produtor desmatar e queimar a vegetação como alternativa ao preparo da área para o plantio. Sem a vegetação que protege solos e fontes hídricas, ao longo dos anos, as consequências são erosão e queda na fertilidade do solo, redução da qualidade e quantidade de água disponível e, consequentemente, mais emissão de GEEs e diminuição na capacidade de produção, colocando em risco a segurança alimentar e contribuindo com catástrofes climáticas causadas pelo aquecimento global.

Neste cenário, entre as ações do Plantar Rondônia, projeto pioneiro para a regularização ambiental de propriedades da agricultura familiar do Brasil na Amazônia, está o apoio aos agricultores na transição do modo de produção convencional para um que alia as atividades produtivas com a conservação ambiental e que ainda tornam possível a regularização dos passivos ambientais da propriedade.

Estamos falando de agricultura de baixo carbono (ABC), que tem como ação central o emprego de Sistemas Agroflorestais (SAFs). Essa é uma forma de uso da terra que combina o plantio de árvores nativas, frutíferas ou madeireiras com espécies agrícolas, em arranjos que permitem restaurar áreas degradadas e/ou alteradas em propriedades da agricultura familiar aliada a geração de benefícios econômicos e sociais para os agricultores. Entre esses benefícios estão ampliação e diversificação da produção agrícola, geração de renda, mais qualidade de vida, além de promover a melhoria da disponibilidade de recursos hídricos com a recuperação de matas ciliares e a regeneração do solo.

Como resultado deste incentivo ao produtor para reflorestar áreas degradadas e explorar a produção a partir da floresta em pé, está a conservação da biodiversidade amazônica e a redução de emissões de gases de efeito estufa, contribuindo assim com os compromissos internacionais firmados pelo Brasil no combate às mudanças climáticas, como a do Acordo de Paris, quando o país se comprometeu a implementar o Código Florestal e recuperar 12 milhões de hectares de áreas desmatadas até 2030.

Implementado desde 2018, o Plantar Rondônia já beneficiou mais de 3 mil produtores com Assistência Técnica e Extensão Rural em mais de 12.700 visitas realizadas nos imóveis rurais da agricultura familiar. Nesses quatro anos de execução do projeto, mais de 1.022 imóveis rurais de até 4 módulos fiscais já foram atendidos com atividades de regularização ambiental, somando mais de 1.740 hectares de áreas degradadas recuperadas em Rondônia. E para este ano, a previsão é restaurar mais de 1.030 ha em outras 615 propriedades da agricultura familiar em 25 municípios do estado.

O Projeto “Plantar Rondônia” é realizado pelo Centro de Estudos Rioterra, em cooperação com a Ação Ecológica Guaporé – Ecoporé e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia – FETAGRO, com a parceria da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – SEDAM e apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES através do Fundo Amazônia.

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